terça-feira, 25 de junho de 2013


"E você já amou alguém e perdeu essa pessoa? É terrível, não é? O teto desmorona; você, que sempre foi auto confiante, acha que nunca mais vai voltar a se levantar e existe um buraco que nada nessa vida preenche: nem os melhores amigos, nem as melhores viagens, nem o melhor sexo do mundo. Fica aquele vazio pela casa, aquele espaço do lado da cama e aquele maldito perfume, que você odiava, começa a fazer a maior falta. Sobra um monte de fotos que, ao invés de te fazerem sorrir, te fazem se sentir pior ainda - porque será que ter sido feliz não basta? Não! Ter sido feliz acaba com a gente. Ter sido imensamente feliz, então nem se fala. Lembrar os beijos, os sorrisos, a falta de ar. O primeiro dia que você a viu, o primeiro beijo que ele te deu, a primeira vez que vocês descobriram que era amor. Que droga Lembrar de tudo isso faz a gente querer viver tudo de novo, e já que a gente não pode, será que rola um apagão? Tipo do filme "Brilho eterno de uma mente sem lembranças?". Ajudaria, não? Mas você acha que é fácil assim? Nada! A gente tem que sentir cada lágrima cair, cada saudade brotar, cada ilusão adormecer enquanto a esperança vezes ou outra bate à porta. O fim do amor é uma guerra entre você e seu próprio coração. Entre você e um monte de lembranças que você preferiria nunca ter vivido (mas isso você fala baixinho porque, lá no fundo, sabe que não quer assim). É um inferno, é uma batalha. Fantasmas pulam dos livros, aparecem nas frases de um comum amigo e o encosto pesa até nos almoços de família aos domingos. Os traços resistem ás traças e a fraca memória. Os abraços ficam sem porto. Os beijos sem boca e a liberdade, que antes era tentadora, parece nos deixar ainda mais confusos: o que é que eu faço agora? A urgência é esquecer. Mas só de querer isso, nos faz pensar. Numa sucessão de contradições - não temos mais vontade de tentar, mas queremos sair e nos divertir; Queremos dormir, mas não agüentamos mais ficar em casa. E a gente aprende novas palavras como: desassossego, inquietude, depressão, oscilação - qualquer coisa que não combina nada com planos, reencontro e reconciliação. Que merda, não? A gente detesta se apaixonar, mas quando a gente se apaixona a gente esquece tudo isso. O peito todo toma frente, nos despimos, não só das roupas, mas também das armaduras. Nossos muros todos cedem e nossas portas e janelas se escancaram. A gente fica ali: exposto. O medo vira coragem. E tudo que estava trancado ganha chave; e basta a presença dessa pessoa pra gente achar que há graça em dia nublado. Todas as músicas melosas fazem sentido. Todo sorriso é gargalhada. E quando percebemos estamos até mais calmos. Parece bom. E é! Porque o problema não é quando o amor chega, o problema é quando ele vai embora. Mas mesmo sabendo dos perigos, a gente se arrisca. Porque pior que sofrer por um amor que acabou, é nunca sentir toda beleza e agonia dessa aposta."


Larissa Bottas


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