domingo, 27 de novembro de 2011
"Eu te amei muito. Nunca disse, como você também não disse, mas acho que você soube. Pena que as grandes e as cucas confusas não saibam amar. Pena também que a gente se envergonhe de dizer, a gente não devia ter vergonha do que é bonito. Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso. Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim."
[Caio Fernando de Abreu]
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Eu só queria que essa minha vontade de perdoar o mundo durasse. Hoje eu não odiei o Bradesco, a Vivo,o IPTU, a mulher que divide a vaga do prédio comigo, o motoqueiro que me manda ir mais para o lado, a garota que fala caipira. Hoje eu não odiei nada nem ninguém. Eu apenas fiquei lembrando a cada segundo que você se desesperou pra encontrar meu brinco de coração. Você quis encontrar meu coração pequenininho no escuro. E você encontrou.
Eu estou tão cansada de assustar as pessoas. E de ser o máximo por tão pouco tempo. E de entregar tanta alma de bandeja pra tanta gente que não quer ou não sabe querer. Mas hoje eu não odeio nenhuma dessas pessoas. E hoje eu não me odeio.
Hoje, depois de muito tempo, eu acordei e não me olhei no espelho. Eu não precisei confirmar se eu era bonita. Eu acordei tendo certeza.
Não tenha medo. Eu sou só uma menina boba com medo da vida. Mas hoje eu não tenho medo de nada, eu apenas fecho os olhos e lembro de você me dando aquela flor velha, fazendo piada ruim as sete da manhã, me lendo no escuro mesmo com dor de cabeça. Eu posso sentir isso de novo. Que bom. Achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou me sentindo uma idiota. Sabe o que eu fiz hoje? As pazes com o Bob Marley, com o Bob Dylan e até com o ovomaltine do Bob´s. As pazes com os casais que se balançam abraçados enquanto não esperam nada, as pazes com as pessoas que não sabem ver o que eu vejo.[Tati Bernardi]
Eu estou tão cansada de assustar as pessoas. E de ser o máximo por tão pouco tempo. E de entregar tanta alma de bandeja pra tanta gente que não quer ou não sabe querer. Mas hoje eu não odeio nenhuma dessas pessoas. E hoje eu não me odeio.
Hoje, depois de muito tempo, eu acordei e não me olhei no espelho. Eu não precisei confirmar se eu era bonita. Eu acordei tendo certeza.
Não tenha medo. Eu sou só uma menina boba com medo da vida. Mas hoje eu não tenho medo de nada, eu apenas fecho os olhos e lembro de você me dando aquela flor velha, fazendo piada ruim as sete da manhã, me lendo no escuro mesmo com dor de cabeça. Eu posso sentir isso de novo. Que bom. Achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou me sentindo uma idiota. Sabe o que eu fiz hoje? As pazes com o Bob Marley, com o Bob Dylan e até com o ovomaltine do Bob´s. As pazes com os casais que se balançam abraçados enquanto não esperam nada, as pazes com as pessoas que não sabem ver o que eu vejo.[Tati Bernardi]
domingo, 13 de novembro de 2011
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
O uísque não tinha o mesmo sabor. Talvez esteja quente, ou talvez o quarto ou quinto uísque seja assim mesmo.
Pensando bem, nem se lembrava quantos tinha sido. Não importa, pensei comigo mesmo, e terminei o sexto drink.
A ruiva continuava a falar, e pra dizer a verdade, não registrei nenhumas das palavras dela. Apenas sorria, os drinks tornavam isso fácil essa noite.
Ela parecia satisfeita comigo. Quem entende as mulheres? Não importa, pensei de novo. Hoje não era uma noite para pensar nesses assuntos.
Ela em certo momento demonstrou que estava tarde, mas não pretendia ir embora sozinha. Perfeito. Também não pretendia dormir sozinho.
Tomei um último gole, e me ofereci para leva-la em casa.
Durante o trânsito ela continuava a falar. Comecei a achar a voz dela irritante, paramos em frente ao apartamento dela, e antes que ela começasse a falar novamente, a beijei, nada de novo. Bela maneira de se calar uma mulher. Ela me pediu para entrar, a segui.
Her, ela também sabia ficar calada ás vezes. Pela primeira vez naquela noite sorri com sinceridade. A dei prazer, seus suspiros me motivavam e me davam prazer. Um prazer disfarçado.
Foi uma transa corriqueira. Satisfação falsa.
Adormecemos. Na verdade, ela adormeceu, continuava acordado. Sai silenciosamente da cama e da vida dela. Não a veria mais, era fato. Dou uma última olhada.
Saí novamente as ruas, entrei no carro e olhava o tempo. Começava a chover. Garoa fina.
Olhos verdes, cabelos castanhos. Lembrava do seu sorriso fácil. Piegas. Sorri.
Voltei para casa. Era estranho, o apartamento parecia vazio.
A água quente escorria pelo meu corpo, eu sentia a tensão em meus ombros. Talvez uma ducha quente mudasse esse fato. Não mudou.
Fiquei andando pela casa, com um copo de água na mão. Olhava além.
Não admitia para mim mesmo. Na verdade, não conhecia essas coisas para saber diferencia-las.
Amor. Não, ele não estava amando, apaixonado talvez. Não era a mesma coisa.
Mas admitia. Pela primeira vez se sentia tentando a um compromisso. Que mal faria? Verdade, mudava tudo o que fizera até então. Todos os protocolos, e as regras para si mesmo. Gostava da sua liberdade. Se sentia confortavel nesse estado. Mas a algum tempo isso já não era verdade.
Pegou novamente as chaves do carro, e saiu as ruas. Agora já era uma tempestade daquelas de verão, calor.
Não sabia bem como, mas estava parado ás 3am na porta de praticamente uma desconhecida, os cabelos molhados, e com ansiedade. A porta se abre, e lá estava ela.
Surpresa? Não sabia ler bem as mulheres, seus sentimentos. Pensando bem, nunca soube.
Ela não era sofisticada, luxuosa, como as mulheres de sempre. Ao contrario. Era simples, independente, atrevida e orgulhosa. Me conquistou. Talvez seja o novo, ou a simplicidade. Não sabia. Ela assombrava meus sonhos, não tinha mais noites perfeitas de sono pós-sexo ou após um maravilhoso dia estressante de trabalho e uma ducha fria como antes. Nada era mais tão simples. Era apenas curiosidade, novidade, se dizia sempre. Porem, talvez seja hora de algo novo. Talvez.
Milhares de pensamentos e lembranças, das últimas semanas e da propria bruxinha em minha frente se passaram em 5 segundos. Apenas 5 segundos.
Não hesitei. A beijei. Ternamente.
Era diferente, tinha um sabor doce, enebriante. Olhei em seus olhos, e ela com seu orgulho me perguntou. Como ousa?
Com paixão, eu respondi. Ela sorriu.
Talvez seja diferente.
Ia aprender a andar de montanha russa.
Era bom se sentir vivo novamente.
[Josi Keller]
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