terça-feira, 19 de agosto de 2014

"Foi desse jeito meio torto, meio bruto que eu voltei pra mim. Foi depois de me doar e me doer tanto que eu percebi que não vale à pena. Não vale porque se uma pessoa te fere mais do que te cura, isso é doença e não felicidade. Me recuso. Coração vazio e sorriso cheio, que assim seja."

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

“Que porcaria, isso. Eu assisti essa pessoa depilando as axilas debaixo do mesmo chuveiro. Eu vi essa pessoa de pijama. Eu transei sem camisinha com essa pessoa. Eu aturei o seriado Grey’s Anatomy sempre que essa pessoa chegava antes no controle-remoto. Eu rabisquei os azulejos com batom insinuando amar para sempre essa pessoa. Fui ao supermercado às onze da noite porque essa pessoa estava a fim de comer batatinhas sorridentes. Eu me preocupei com as provas semestrais dessa pessoa. Eu baixei da internet canções de quem não gosto, como as do Jack Johnson e Guns N’ Roses, para que essa pessoa pudesse correr no parque alegremente aos sábados. Eu esfreguei à mão nas calcinhas sujas dessa pessoa. E agora essa pessoa simplesmente desfila na minha frente com outra pessoa.”

Gabito Nunes 

quarta-feira, 10 de julho de 2013





“Tira-se a roupa pra transar, mas é depois que se fica nu de verdade. Aí sim o desejo mais ingênuo salta aos olhos. Ficamos lúcidos, indefesos, satisfeitos. Não se faz necessário tarimbar o sentimento. Não querer levantar da cama é dizer eu te amo. Depois do tesão animal, do untar da pélvis, do desparafusar do molejo, ouvir ‘me abraça forte e fica quietinho’ é uma declaração.”

Gabito Nunes
Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho
Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá pazE o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais
Tom Jobim

domingo, 30 de junho de 2013

[...] "Eu gostaria muito de agradecer a todos os incentivos para que eu saísse de casa e fosse ver gente. É verdadeiramente revigorante essa sensação de gastar metade do meu salário bebendo tudo o que pintar, gritar com os carros na rua, levar foras de patricinhas e ficar duzentos minutos tentando enfiar a chave na porra da fechadura de todos os prédios da cidade, exceto o meu. Esse masoquismo barato foi, nossa, muito legal. Se é isso que chamam de viver, sou mais de passar o resto dos meus dias afundado no meu sofá lambendo minhas feridas, me auto-erotizando e torcendo pelo retorno daquela época de ouro em que minha única preocupação era chegar na frente dos outros espermatozoides."

Gabito Nunes

sábado, 29 de junho de 2013



“Enfim, é assim que eu gosto de vê-la: Sentindo. Hoje é ira e desprezo. Amanhã é paixão e carinho. Quem é capaz de explodir de raiva, também é capaz de explodir de amor.” 
Gabito Nunes





sexta-feira, 28 de junho de 2013

“Mas eu gostava dele,
dia mais dia, mais gostava.
Diga o senhor: como um feitiço? 
Isso.
Feito coisa-feita.
Era ele estar perto de mim, e nada me faltava.
Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego.
Era ele estar por longe, e eu só nele pensava.
E eu mesmo não entendia então o que aquilo era.
Sei que sim. Mas não. E eu mesmo entender não queria.” 

Guimarães Rosa