quinta-feira, 26 de setembro de 2013

“Que porcaria, isso. Eu assisti essa pessoa depilando as axilas debaixo do mesmo chuveiro. Eu vi essa pessoa de pijama. Eu transei sem camisinha com essa pessoa. Eu aturei o seriado Grey’s Anatomy sempre que essa pessoa chegava antes no controle-remoto. Eu rabisquei os azulejos com batom insinuando amar para sempre essa pessoa. Fui ao supermercado às onze da noite porque essa pessoa estava a fim de comer batatinhas sorridentes. Eu me preocupei com as provas semestrais dessa pessoa. Eu baixei da internet canções de quem não gosto, como as do Jack Johnson e Guns N’ Roses, para que essa pessoa pudesse correr no parque alegremente aos sábados. Eu esfreguei à mão nas calcinhas sujas dessa pessoa. E agora essa pessoa simplesmente desfila na minha frente com outra pessoa.”

Gabito Nunes 

quarta-feira, 10 de julho de 2013





“Tira-se a roupa pra transar, mas é depois que se fica nu de verdade. Aí sim o desejo mais ingênuo salta aos olhos. Ficamos lúcidos, indefesos, satisfeitos. Não se faz necessário tarimbar o sentimento. Não querer levantar da cama é dizer eu te amo. Depois do tesão animal, do untar da pélvis, do desparafusar do molejo, ouvir ‘me abraça forte e fica quietinho’ é uma declaração.”

Gabito Nunes
Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho
Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá pazE o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais
Tom Jobim

domingo, 30 de junho de 2013

[...] "Eu gostaria muito de agradecer a todos os incentivos para que eu saísse de casa e fosse ver gente. É verdadeiramente revigorante essa sensação de gastar metade do meu salário bebendo tudo o que pintar, gritar com os carros na rua, levar foras de patricinhas e ficar duzentos minutos tentando enfiar a chave na porra da fechadura de todos os prédios da cidade, exceto o meu. Esse masoquismo barato foi, nossa, muito legal. Se é isso que chamam de viver, sou mais de passar o resto dos meus dias afundado no meu sofá lambendo minhas feridas, me auto-erotizando e torcendo pelo retorno daquela época de ouro em que minha única preocupação era chegar na frente dos outros espermatozoides."

Gabito Nunes

sábado, 29 de junho de 2013



“Enfim, é assim que eu gosto de vê-la: Sentindo. Hoje é ira e desprezo. Amanhã é paixão e carinho. Quem é capaz de explodir de raiva, também é capaz de explodir de amor.” 
Gabito Nunes





sexta-feira, 28 de junho de 2013

“Mas eu gostava dele,
dia mais dia, mais gostava.
Diga o senhor: como um feitiço? 
Isso.
Feito coisa-feita.
Era ele estar perto de mim, e nada me faltava.
Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego.
Era ele estar por longe, e eu só nele pensava.
E eu mesmo não entendia então o que aquilo era.
Sei que sim. Mas não. E eu mesmo entender não queria.” 

Guimarães Rosa

quinta-feira, 27 de junho de 2013

"Não quero amor de fim de noite. Não quero amor de uma noite só. Não tenho mais idade - nem saco - pra micareta. Não sei mais paquerar ou fazer joguinho de “não te quero só pra você me querer”. Não preciso que me queiram pra massagear meu ego. Tenho foco. Sou mulher de um homem só. Não preciso de conversinha com ex-rolos no Messenger porque sei bem o que eu quero. Não preciso de
homem pra massagear meu ego. Não preciso testar meu poder de sedução mantendo possíveis casos amorosos na internet. Não preciso de ninguém pra me dizer o quanto sou linda, gostosa e inteligente. Pra isso, tenho espelho, academia, papel e caneta. Não preciso usar meu corpo ou muito menos minhas palavras pra conquistar alguém. Pra isso, tenho sentimentos que falam por mim."

Brena Braz

terça-feira, 25 de junho de 2013



"Eles se amam. Todo mundo sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossível. Ele continua vivendo sua vidinha idealizada e ela continua idealizando sua vidinha. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o
outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é difícil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontrem e que nada, nada seja por acaso."


Tati Bernardi

"E você já amou alguém e perdeu essa pessoa? É terrível, não é? O teto desmorona; você, que sempre foi auto confiante, acha que nunca mais vai voltar a se levantar e existe um buraco que nada nessa vida preenche: nem os melhores amigos, nem as melhores viagens, nem o melhor sexo do mundo. Fica aquele vazio pela casa, aquele espaço do lado da cama e aquele maldito perfume, que você odiava, começa a fazer a maior falta. Sobra um monte de fotos que, ao invés de te fazerem sorrir, te fazem se sentir pior ainda - porque será que ter sido feliz não basta? Não! Ter sido feliz acaba com a gente. Ter sido imensamente feliz, então nem se fala. Lembrar os beijos, os sorrisos, a falta de ar. O primeiro dia que você a viu, o primeiro beijo que ele te deu, a primeira vez que vocês descobriram que era amor. Que droga Lembrar de tudo isso faz a gente querer viver tudo de novo, e já que a gente não pode, será que rola um apagão? Tipo do filme "Brilho eterno de uma mente sem lembranças?". Ajudaria, não? Mas você acha que é fácil assim? Nada! A gente tem que sentir cada lágrima cair, cada saudade brotar, cada ilusão adormecer enquanto a esperança vezes ou outra bate à porta. O fim do amor é uma guerra entre você e seu próprio coração. Entre você e um monte de lembranças que você preferiria nunca ter vivido (mas isso você fala baixinho porque, lá no fundo, sabe que não quer assim). É um inferno, é uma batalha. Fantasmas pulam dos livros, aparecem nas frases de um comum amigo e o encosto pesa até nos almoços de família aos domingos. Os traços resistem ás traças e a fraca memória. Os abraços ficam sem porto. Os beijos sem boca e a liberdade, que antes era tentadora, parece nos deixar ainda mais confusos: o que é que eu faço agora? A urgência é esquecer. Mas só de querer isso, nos faz pensar. Numa sucessão de contradições - não temos mais vontade de tentar, mas queremos sair e nos divertir; Queremos dormir, mas não agüentamos mais ficar em casa. E a gente aprende novas palavras como: desassossego, inquietude, depressão, oscilação - qualquer coisa que não combina nada com planos, reencontro e reconciliação. Que merda, não? A gente detesta se apaixonar, mas quando a gente se apaixona a gente esquece tudo isso. O peito todo toma frente, nos despimos, não só das roupas, mas também das armaduras. Nossos muros todos cedem e nossas portas e janelas se escancaram. A gente fica ali: exposto. O medo vira coragem. E tudo que estava trancado ganha chave; e basta a presença dessa pessoa pra gente achar que há graça em dia nublado. Todas as músicas melosas fazem sentido. Todo sorriso é gargalhada. E quando percebemos estamos até mais calmos. Parece bom. E é! Porque o problema não é quando o amor chega, o problema é quando ele vai embora. Mas mesmo sabendo dos perigos, a gente se arrisca. Porque pior que sofrer por um amor que acabou, é nunca sentir toda beleza e agonia dessa aposta."


Larissa Bottas