sexta-feira, 4 de novembro de 2011


O uísque não tinha o mesmo sabor. Talvez esteja quente, ou talvez o quarto ou quinto uísque seja assim mesmo.
Pensando bem, nem se lembrava quantos tinha sido. Não importa, pensei comigo mesmo, e terminei o sexto drink.
A ruiva continuava a falar, e pra dizer a verdade, não registrei nenhumas das palavras dela. Apenas sorria, os drinks tornavam isso fácil essa noite.
Ela parecia satisfeita comigo. Quem entende as mulheres? Não importa, pensei de novo. Hoje não era uma noite para pensar nesses assuntos.
Ela em certo momento demonstrou que estava tarde, mas não pretendia ir embora sozinha. Perfeito. Também não pretendia dormir sozinho.
Tomei um último gole, e me ofereci para leva-la em casa.
Durante o trânsito ela continuava a falar. Comecei a achar a voz dela irritante, paramos em frente ao apartamento dela, e antes que ela começasse a falar novamente, a beijei, nada de novo. Bela maneira de se calar uma mulher. Ela me pediu para entrar, a segui.
Her, ela também sabia ficar calada ás vezes. Pela primeira vez naquela noite sorri com sinceridade. A dei prazer, seus suspiros me motivavam e me davam prazer. Um prazer disfarçado.
Foi uma transa corriqueira. Satisfação falsa.
Adormecemos. Na verdade, ela adormeceu, continuava acordado. Sai silenciosamente da cama e da vida dela. Não a veria mais, era fato. Dou uma última olhada.
Saí novamente as ruas, entrei no carro e olhava o tempo. Começava a chover. Garoa fina.
Olhos verdes, cabelos castanhos. Lembrava do seu sorriso fácil. Piegas. Sorri.
Voltei para casa. Era estranho, o apartamento parecia vazio.
A água quente escorria pelo meu corpo, eu sentia a tensão em meus ombros. Talvez uma ducha quente mudasse esse fato. Não mudou.
Fiquei andando pela casa, com um copo de água na mão. Olhava além.
Não admitia para mim mesmo. Na verdade, não conhecia essas coisas para saber diferencia-las.
Amor. Não, ele não estava amando, apaixonado talvez. Não era a mesma coisa.
Mas admitia. Pela primeira vez se sentia tentando a um compromisso. Que mal faria? Verdade, mudava tudo o que fizera até então. Todos os protocolos, e as regras para si mesmo. Gostava da sua liberdade. Se sentia confortavel nesse estado. Mas a algum tempo isso já não era verdade.
Pegou novamente as chaves do carro, e saiu as ruas. Agora já era uma tempestade daquelas de verão, calor.
Não sabia bem como, mas estava parado ás 3am na porta de praticamente uma desconhecida, os cabelos molhados, e com ansiedade. A porta se abre, e lá estava ela.
Surpresa? Não sabia ler bem as mulheres, seus sentimentos. Pensando bem, nunca soube.

Ela não era sofisticada, luxuosa, como as mulheres de sempre. Ao contrario. Era simples, independente, atrevida e orgulhosa. Me conquistou. Talvez seja o novo, ou a simplicidade. Não sabia. Ela assombrava meus sonhos, não tinha mais noites perfeitas de sono pós-sexo ou após um maravilhoso dia estressante de trabalho e uma ducha fria como antes. Nada era mais tão simples. Era apenas curiosidade, novidade, se dizia sempre. Porem, talvez seja hora de algo novo. Talvez.
Milhares de pensamentos e lembranças, das últimas semanas e da propria bruxinha em minha frente se passaram em 5 segundos. Apenas 5 segundos.
Não hesitei. A beijei. Ternamente.
Era diferente, tinha um sabor doce, enebriante. Olhei em seus olhos, e ela com seu orgulho me perguntou. Como ousa?
Com paixão, eu respondi. Ela sorriu.
Talvez seja diferente.
Ia aprender a andar de montanha russa.
Era bom se sentir vivo novamente.

[Josi Keller]

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