quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Grande ou pequena, toda paixão é agressiva. Talvez fosse o excesso de desejo que corria em minhas veias ou apenas minhas mãos tentando arrebentar  a porta da sua consciência. Era difícil acreditar que não houvesse uma conexão, primeiro entre nossas almas, segundo entre nossos corpos. Aberto, o coração está sempre pronto a causar a falência do orgulho. Se fechado,  ao contrário, está sempre pronto a fazer com que este suba à cabeça. Sei que anda por aqui às escondidas. E penso que poderia se dignar a dizer o que procura. Ouvi teu gemido do outro lado do quarto. Mas não corri para abraçá-lo. O chão que está pisando, está todo remendado. Foi quebrado pelas suas mãos a marretadas. Enfeitiçados, vi quando os seus olhos nos procuraram. Quantas horas seguidas nossos corpos flutuaram sob a carícia de velas que se abraçavam num bruxeleio templário. Sorri quando os teus passos recuaram. Não para me vingar da sua presunção, mas porque eu estava lá quando as chamas se levantaram. Molhados de suor e saliva, apaguei uma por uma das velas com a ponta de meus dedos e fiz um sinal para que ficasse calado. O silêncio é necessário. Não para esquecer-mo-nos, mas para nos lembrarmos.| pipa

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